terça-feira, 29 de janeiro de 2013

DEPOIS DA TRAGÉDIA.


QUANDO COBRAR?
Lógico que estou muito triste com a tragédia em Santa Maria.

Sou mãe de três jovens, assim,
sinto a dor de cada família enlutada,mas não posso aceitar a massa de hipocrisia dominante, que insiste em discursos prontos, pedindo que não se poste cenas da tragédia”em respeito” as famílias, ou que deixemos baixar a poeira e não façamos cobranças agora.
Me desculpem, mas vivemos em que país,na Suíça?

Infelizmente,hipocrisia e fingir que dentro do NOSSO PAÍS, as coisas tem seu momento “certo” de acontecer, que as leis e as providências, não são movidas pelo clamor público SEMPRE DEPOIS DA TRAGÉDIA.

Aqui no Brasil, esperar a poeira baixar,infelizmente é jogar para baixo do tapete. Logo,logo,as emissoras, redes sociais e a própria sociedade, irão mudar de assunto, o carnaval vem aí, os campeonatos futebolísticos já começaram,as novelas,os BBBs, tomam conta das atenções e tudo fica esquecido esperando a próxima tragédia.

Infelizmente, são SÓ as imagens fortes, provocam um pouco de indignidade e clamor público. Infelizmente, SÓ os momentos de dor, conseguem algum tipo providências e mudanças significativas.

Sou do Brasil e não da Suíça, tenho filhos e quero para eles um futuro melhor e mais seguro, e; em respeito as famílias enlutadas quero mais justiça,então eu pergunto:

NO BRASIL,QUANDO É O MELHOR MOMENTO?
MINHA INDIGNAÇÃO:
Neste momento, estou me sentindo como uma pulga a gritar no meio da multidão. Desanimador.
Estou realmente muito indignada com certas hipocrisias.

Sou cidadã, sou mãe e sou humana; vejo comentários sobre,não ser a hora de cobranças do caso Santa Maria. Vejo coisas do tipo: Se fosse seu filho você não gostaria...não é hora...

Se fosse um de meus filhos, eu gostaria que o Brasil inteiro me ajudasse a cobrar minha perda por irresponsabilidade alheia. Se fosse um de meus f
ilhos eu iria chorar o fato de já ter passado da hora das coisas serem diferentes, de já ter passado da hora, das pessoas acordarem para a nossa realidade imunda, cheia de corrupção, impunidade e descaso.
Se fosse filho meu,eu culparia uma maioria alienada, fanáticas por novelas, BBBs, programinhas de humor de quinta, e sem o menor senso de cidadania, sem a menor responsabilidade com o seu dever cívico com seu voto.

Estou aqui nas redes sociais, praticamente diariamente, lutando por conscientização cívica, tenho uma página de contestação e cobranças políticas, e lamentavelmente,posso observar que quase ninguém se interessa de fato pelo o que acontece em nosso país em termos de responsabilidades, a grande maioria só quer postar ou compartilhar que é “bonzinho”, “bonitinho”, “despretensioso”, “descomprometedor”.

São receitinhas, roupinhas, sapatinhos, bichinhos, florzinhas...ok; também gosto disso tudo, mas aqui, no nosso Brasil, no nosso dia a dia, o que impera são irresponsabilidades políticas perigosas. Nossa saúde, segurança, educação, transportes, sanitarismo...são lixos...

Além de meus filhos,amo a muitos jovens, em minha página do facebook, tenho mais de duzentos jovens adicionados, que me chamam de “tia”,o que bem sabemos é difícil os jovens se interessar em amizade com a “meia idade”,mas são meus amigos pois reconhecem meu carinho e zelo por eles. È por eles, pelos jovens, que estou aqui tentando fazer alguma coisa para mudanças substâncias a cada dia; então não me venham dizer que não é o momento, que é preciso respeitar e etc. Pois por este momento eu luto todos os dias e não espero acontecer,mas também NÃO VOU ESPERAR SER ESQUECIDO.
ATÉ QUANDO?
IMPUNIDADE, CORRUPÇÃO, GANÂNCIA, DESRESPEITO E DESVALOR A VIDA?

Sou mãe de três jovens, assim, não sei expressar o que estou sentindo por assistir completamente impotente aos noticiários sobre a tragédia em Santa Maria.

TUDO,ABSOLUTAMENTE TUDO ERRADO.

Uma boate sem alvará, show com pirotecnia em local “hermeticamente fechado”, extintores de “fachada”, janelas vedadas, seguranças preocupados com o PAGAMENTO DE COMANDAS EM UM INCÊNDIO!?!?!?!

JOVENS INDEFESOS LACRADOS EM UMA VERDADEIRA CÂMARA DE GÁS...

O QUE DIZER?
NÃO É SÓ NAS BALADAS.
Frequentamos quase que inocentemente, muitos locais de risco sem nos dar conta que precisamos verificar alguns itens básicos de segurança.

São milhares de boates, casas de show, salões de festas, etc.

Vamos nos preven
ir melhor, para não cairmos em arapucas espalhadas por ai.
Infelizmente, com esta tragédia em Santa Maria, ficou claro que não podemos confiar em fiscalizações e licenças, então vamos começar anos ajudar e fazer a nossa parte.

Caso julguem válido, ao perceber que está em lugar que oferece risco a segurança, fotografe e divulgue na rede,assim ficará mais fácil a cobrança aos órgãos competentes.


TUDO O QUE FALTOU NA BOATE KISS:

A utilização de espuma no isolamento acústico da casa noturna Kiss violava a lei municipal de prevenção e proteção contra incêndios de Santa Maria. Apesar disso, o estabelecimento recebeu alvará de funcionamento da prefeitura da cidade e tinha válido, até novembro, o auto de vistoria do Corpo de Bombeiros.

As exigências mínimas para emissão do alvará dos bombeiros são extintores de incêndio, sinalização, luz de emergência e saídas de emergência adequadas ao público.

É vedado o emprego de material de fácil combustão e/ou que desprenda gases tóxicos em caso de incêndio em divisórias, revestimento e acabamentos". A regra vale para "estabelecimentos de reunião de público, cinemas, teatros, boates e assemelhados.

Portas. A quantidade e tamanho das saídas de emergência de casas noturnas é regulada pela norma 9.077 da ABNT. Ao elaborar um projeto de saídas de emergência, o engenheiro leva em conta o tamanho do local, a distância até a rua e a chance de um incêndio ocorrer. Um fator, no entanto, é certo: uma única porta para entrada e saída em um ambiente com mais de mil pessoas não é suficiente.

O Inmetro concluiu, em 5 de novembro de 1997, análise em sprinkler.

O chuveiro automático de extinção de incêndio ou simplesmente sprinkler, que geralmente passa despercebido pela maioria da população, é hoje em dia um equipamento fundamental no primeiro combate ao fogo. A sua importância pode ser demonstrada por dois fatos: (1) o tamanho que a cada dia os edifícios, comerciais e residenciais, ganham, torna o trabalho do corpo de bombeiros de chegar ao foco do incêndio, cada vez mais difícil; (2) muitas partes do edifício não são de passagem frequente, podendo ficar despercebido um início de incêndio. Por estes motivos, é fundamental o combate ao fogo desde o seu princípio e o sprinkler é o principal equipamento no desempenho deste papel.

Aparelho que, geralmente, fica instalado no teto, o sprinkler entra em funcionamento quando a temperatura local ultrapassa um certo nível. Ao entrar em funcionamento, passa a espalhar água em uma determinada área, combatendo assim o fogo, até a chegada dos bombeiros.

A questão dos equipamentos do primeiro combate ao incêndio é de tal importância que a documentação que define o sistema de segurança e proteção contra fogo de cada edifício, residencial ou comercial, deve ser aprovada pelo Corpo de Bombeiros. Uns dos itens avaliados na fiscalização realizada pelos bombeiros é a localização dos sprinklers, mangueiras de incêndio, extintores e as portas corta-fogo.
Passadas as primeiras horas, o desastre na boate Kiss em Santa Maria já não é tão misterioso assim.
Existe um aspecto que me parece mais singular neste desastre: a hesitação dos seguranças em permitir a fuga das pessoas desesperadas.

No Brasil, existe uma prática de cobrar o consumo do cliente na saída. O seguranças acharam que as pessoas queriam fugir correndo para não pagar a conta.

Os seguranças foram treinados para proteger as finanças do dono da Kiss. Não foram treinados para proteger a vida humana.

Aliás, não existe nem treinamento. Parece que os seguranças são contratados por tarefa e mudam constantemente em alguns lugares.

Tudo indica que a causa é semelhante aos desastres nos Estados Unidos, China, Tailândia e Argentina, para falar de alguns mais famosos: o uso de recursos pirotécnicos nas salas fechadas.

No caso brasileiro foi o sinalizador da banda Gurizada Fandangueira que incendiou a casa de show. As centelhas atingiram a proteção acústica, feita de material inflamável, e a partir daí foi impossível controlar o fogo.

A maioria morreu intoxicada pela fumaça. Depois do desastre de Rhodes Island, os Estados Unidos decidiram proibir sinalizadores em lugares fechados.

E determinaram que o material acústico deveria ser menos inflamável e menos tóxico.

Se a experiência internacional tivesse sido levada em conta, seria proibido à banda Gurizada Fandangueira usar o sinalizador dentro da Kiss.

E certamente o material acústico não seria tão venenoso aos pulmões humanos quanto o que foi queimado em Santa Maria.

Nos EUA e na Argentina houve mudança na lei e aumentou a fiscalização. Poderíamos ter aprendido com eles.

Mas como votar uma lei num Congresso que não funciona, exceto para carimbar decisões do governo?

Como fiscalizar as leis se não há gente para isso e quando há, os fiscais têm uma grande tendência a receber uma graninha para fazer vista grossa?

Na Suécia, existe uma diferença essencial entre países avançados e atrasados. Esta diferença é o respeito pela vida humana, presente não só nas leis mas nas atitudes do dia a dia.

Finalmente, precisamos analisar a ausência de saída de emergências sinalizadas. A boate poderia funcionar sem ela?

Argumenta-se que a porta da entrada era ampla para comportar a fuga. Mas havia os seguranças e na rua uma enorme grade, montada para organizar a entrada dos clientes.