FALANDO UM POUCO DE MIM:



                                                   (Observem a estranha mania de todas absolutamente iguais, até nos cortes de cabelo!)
                                                 
FALANDO UM POUCO DE MIM:



COMO MULHER/ COMO MÃE/ COMO AMIGA/ COMO CRISTÃ/ COMO CIDADÃ/ COMO CRIANÇA:
MUITAS EM UMA, UMA EM MUITAS.

COMO MULHER: Eu diria que reconheço que meu temperamento e personalidade, vez por outra assustam um pouco. Muito extrovertida, falante, direta, enfática, rápida, objetiva, desembaraçada, destemida; admito nem sempre serem esses substantivos sinonimos de virtude, na maioria das vezes, são eles que causam um certo susto nas pessoas.
Alguns me comparam a um trem descarrilado, outros acreditam que na minha vida todos os dias são festa sem problemas nem tristezas, já ouvi que bebo gasolina no café da manhã e, quando apareço dou a impressão de estar soltando confetes de alguma folia. Alguns me acham "fácil”, outros me julgam "difícil", outros me veem prepotente ou arrogante.
Acho muito engraçado todas estas maneiras com que me veem, me divirto mesmo, quando percebo que sou vista por alguns desses modos. Mas meu rótulo mais comum é o meu predileto: MALUCA!
ADORO! Pois, quando as pessoas me rotulam de "maluca", me permitem estar à vontade dentro de mim mesma e ser quem sou, pois como maluca, não sinto a obrigação de atitudes e comportamentos tidos como padrões.
A minha verdade é que gosto mesmo da vida, da minha vida, do jeitinho que ela é, e que eu sou. Estou na vida para ter um compromisso com Deus e comigo apenas, tentar me fazer feliz, me apoiar, ser minha amiga, pois só assim entendo poder fazer o mesmo para mais alguém e, é minha verdadeira intenção fazer por o maior número possível de pessoas.

COMO MÃE: Mãe de três filhos maravilhosos e muito amados por mim. Duas moças e um rapaz. Quando digo maravilhosos, não digo com a visão de coruja, mas com minha visão real mesmo, maravilhosos de maneira que se não fossem meus, mas de um estranho, veria da mesma forma, como vejo tantos filhos estranhos maravilhosos. Por isso muito amados, não por obrigação de mãe, mas por acreditar que merecem serem muito amados por mim; com defeito? Claro que sim, mas com defeitos totalmente suportáveis, diria mesmo; pequenininhos.
Confesso que essa é a área mais delicada e conflitante em mim, a maternidade. Em sendo mãe, exijo muito de mim mesma e dos meus filhos; sinto OBRIGAÇÃO em evitar erros, meus e deles, como se fosse possível. Acho de uma responsabilidade tão grande educar para o mundo, sim porque infelizmente acredito que os filhos não são para nós os pais, mas para o mundo e, estão confiados à nossas mãos para podermos prepará-los até o dia de entregarmos ao mundo. Essa visão me dói, mas mesmo assim É a minha visão, não tenho outra e aí estão os terríveis conflitos; muito do que eu posso perdoar em outras pessoas, já não posso tão facilmente com meus filhos exatamente por ser minha a responsabilidade de prepará-los o melhor possível. Tarefa muitas vezes cruel a de educadora, tendo que corrigir muitas vezes duramente, tendo que fazer cobranças pesadas e, o pior, muitas vezes sem a menor vontade em ter que faze-lo, apenas cumprindo o que acredito ser meu dever, com o coração quebrado e, na maioria da vezes, incompreendida por isso, nestes momentos me sinto pequena e sozinha e, em desarmonia entre a mulher e a mãe. São tantas questões a serem passadas: Valores, caráter, comportamento, educação, responsabilidade, justiça, cidadania, respeito, moral, ética, etc.
Vou confessar; aqui só para nós, sem que ninguém nos ouça; me sinto um MONSTRO, muitas vezes, mas como já se diz por aí: OSSOS DO OFÍCIO.
A parte compensatória é ver que, tanta luta, dor, empenho, sacrifício, martírio, valeu a pena: SOU MÃE DE TRÊS CRIATURAS DO BEM! GRAÇAS A DEUS!
A obra ainda não está totalmente pronta, existem ainda alguns acabamentos a serem feitos, mas isso já não cabe a mim, daqui para frente é o com a vida, mas tenho certeza que a obra é sólida, não ruiu, nem vai ruir.

COMO AMIGA: Acho a face mais fácil e leve, pois minha personalidade já me induz a isso, a amizades. Não sou exigente com a vida e muito menos com as pessoas, tenho uma natureza gregária, gosto de pessoas de todo jeito, consigo me divertir e me encantar muito facilmente com o ser humano e suas múltiplas facetas, todos para mim são visto como descobertas a serem feitas, segredos a serem desvendados, mistério a serem revelados, dramas a serem sentidos, tristezas a serem superadas e piadas a serem contadas. O ser humano para mim, sozinho já é um universo desconhecido a ser descoberto e, é exatamente essa sensação de desafio diante de um outro ser humano, que me faz ser gregária, tornando para mim em facilidade enorme em me dar como amiga.
Me entrego ao maravilhoso mundo das descobertas e vou colecionando amizades. Mas isso também tem seu lado negativo, nada no mundo são apenas flores, até em um lindo jardim florido existem as pragas e ervas daninhas.
Quando digo que me entrego a colecionar amizades, estou querendo dizer que me doo como amiga, mas encontro muita dificuldade em ter amigos; sou amiga, mas não ingenua ao ponto de acreditar que tenho muitos amigos, ao contrário, tenho total ciência de que possuo um número muito restrito de amigos, pois infelizmente tenho a consciência que são muito poucos aqueles que de fato sabem o que significa ser amigo verdadeiro, que estão dispostos a dar o ombro para chorarmos, a mão para levantarmos, o lenço para enxugarmos as lágrimas e colo para nos abrigarmos.
Mas graças a Deus, tenho um amigo muito especial e deste eu posso falar sem medo de errar: QUE AMIGO PERFEITO! E, melhor, disposto a ser amigo de todos e de qualquer um. JESUS CRISTO É O SEU NOME.

COMO CRISTÃ: Tive a felicidade e oportunidade de já nascer em um lar cristão. Meus pais se conheceram, namoraram e casaram dentro de uma igreja Batista, meus avós de ambos os lados também eram Batistas, meus tios e primos também, assim sendo posso dizer que já nasci Batista e, o que fiz depois de nascida e crescida dentro de uma igreja não vou chamar de conversão, na minha visão, não me converti, me aceitei e me entreguei. Não posso chamar de conversão, pois até a minha decisão, que se deu quando eu tinha apenas oito aninhos de idade, não conheci outro tipo de vida ou de postura iria eu me converter do que?
Dos tempos em que eu nasci até os dias de hoje, muitas coisas mudaram, nasci nos tempos da ditadura pesada, por isso, em praticamente todas as escolas e lares existiam um modelo de educação padrão a ser seguido, não importando o nível social, os padrões eram os mesmos, nos meios sociais também era mais ou menos assim, talvez por isso, dentro das igrejas as normas também seguiam a um padrão rigoroso, próprio da época. Somando-se aos padrões da época, vinham os dogmas da Igreja, com suas mil e uma exigências. Assim fui criada: Cristã Batista, filha da ditadura e dogmática.
Por conta da minha personalidade digamos pouco convencional, não foi fácil ser cristã naquela época, fui muito contestada e contestadora também, mas, cristã, MUITO CRISTÃ, com muito amor pelas almas, coração disposto a se doar por inteiro, amor ao evangelho e Adoração a Deus. Acho que tudo o que restou daquela época dentro de mim como cristã foi o que realmente conta: Amor pelas almas, coração disposto a se doar por inteiro, amor ao evangelho e adoração a Deus. Pois se por um lado, foi muito bom terem caídos dogmas, padrões e rigores, por outro, a impressão que eu tenho é que muito mais caiu junto.
Para mim é frustrante perceber, que valores espirituais caíram junto com o muro que separava o que era do mundo do que era de Deus. Parece que vale tudo para ser evangélico, não existe mais separação entre o que é profano do que é sagrado. Eu posso e desejo estar muito errada, prefiro constatar que sou burra, do que constatar que não estou longe da verdade, mas por enquanto ainda estou no meu momento de decepção com o que é ser um evangélico nos tempos modernos.
CRISTÃ SEMPRE. Evangélica? Está na moda essa palavra! Mas em que sentido?

COMO CIDADÃ: Dona de casa, irmã sobrinha e cunhada de advogados, sobrinha de político, ex militante política, filha de micro empresário, mãe de universitários, não dá para dizer que me reservo ao direito de ser alienada, sem consciência da minha cidadania, meus direitos e deveres como cidadã.
Como cidadã e patriota considero boa e bem vinda a evolução do meu País de uns trinta anos para cá, mas não satisfatória ou suficiente. Para isso acontecer ainda precisa muita conscientização das massas, que ainda precisam descobrir seu verdadeiro papel na engrenagem do País.
Infelizmente a maioria dos brasileiros ainda não se deu conta de sua importância como cidadão. Está nas mãos dos cidadãos brasileiros e não nas mãos dos políticos o verdadeiro poder de mudanças, mas bem poucos sabem disso.
O povo, não sabe que qualquer órgão público, seja escola, hospital, delegacia de polícia etc. SÃO DO POVO E PARA O POVO. Vem do povo o salário pago a qualquer que seja o funcionário público, o povo é quem paga com seus impostos tributados em ABSOLUTAMENTE TUDO O QUE COMPRAM OU PAGAM. É do povo e, só do povo, TUDO O QUE SEJA PÚBLICO, por isso o nome PÚBLICO.
Os políticos agem, como se fossem os verdadeiros donos do poder, o povo por sua vez, não conhece os seus direitos, não sabe que o poder esta em suas mãos; os políticos costumam usar uma frase para iludir o povo: O POVO TEM O PODER DO VOTO. ERRADO. A verdadeira frase é: O POVO TEM O VERDADEIRO PODER O PODER DO DIREITO PAGO DO SEU BOLSO COM SEUS IMPOSTOS.
Errada também é a ideia que a responsabilidade é do governo, a responsabilidade é de cada cidadão um pouco mais consciente, fazer seu trabalho de conscientização do próximo.
EXERCER CIDADANIA não é apenas cobrar direitos, mas ARCAR COM DEVERES, e o maior dever de um cidadão é fazer sua parte para que todos os cidadãos entendam e cumpram seu papel, só assim a evolução do nosso País será satisfatória. Hoje em dia está tão fácil cada um fazer a sua parte, temos acesso a internet e com ela, facebook, twitter, sonico, blogs, msn, etc. Com o tempo que passamos diante de um computador "logados" em tantas coisas de importância as vezes duvidosa, qual seria nossa desculpa para a falta de meios e oportunidade de exercemos nossa cidadania?
Essa é a minha visão e, com ela exerço o meu papel como cidadã.

COMO CRIANÇA: Todos nós trazemos dentro de si sua criança interior, essa criança interior é ninguém menos do que nós mesmo quando criança.
Quando olhamos para trás e nos lembramos de quando éramos crianças, o que fazíamos e pensávamos, reencontramos nossa verdadeira essência, o modelo original do que deveríamos ser ao crescer. lamentavelmente, muitos de nós perdemos esse modelo original ao longo de nossa caminhada e nem nos lembramos mais de como éramos. Felizmente isso não me aconteceu, lembro-me bem da maior parte da minha infância e tenho recordações muito ricas para mim, pois me explicam como ou porque de algumas características minhas, algumas lembranças são especialmente determinantes para mim.
* Já nasci trocando o dia pela noite e por mais que meus pais tentassem não conseguiram mudar isso, passava as noites chorando de fome ou querendo brincar e ao amanhecer, quando meus pais exaustos pela noite mal dormida que eu os proporcionara, precisavam levantar para trabalhar, aí eu ia dormir satisfeita.
Sou assim até hoje, é a noite que estou mais animada, cheia de entusiasmos e vontades, disposta a ler, costurar, escrever, lavar um banheiro, sei lá, a noite estou sempre disposta. Isso foi ótimo para mim, pois com isso consigo me dedicar melhor aos trabalhos nas madrugadas em recuperação de mendigos, observo as "nights" e suas carências, enfim na obra que me dispus a realizar, ficar bem disposta a noite só me favorece.
* Antes do meu primeiro ano de vida, já tive tres doenças sérias que quase me levaram a óbito e durante toda a primeira infância não foi muito diferente, por várias vezes dei sustos homéricos em meus pais. Isso também foi muito bom para mim, já de tão cedo tendo que lutar pela vida, adquiri uma resistência física e emocional muito grande, que só vem me beneficiar para que eu consiga encarar as "barras pesadas" que preciso enfrentar, costumo brincar com isso, dizendo que para quem já conhece tão bem a morte e consegue conviver com ela, o resto "tiro de letra!". Me ensinou que tenho garra para lutar e força para vencer.
* Meu primeiro dia de aula também foi marcante. Tenho uma irmã mais velha que eu um ano, mas que entrou para a escola no mesmo ano e na mesma série que eu, apenas os turnos eram diferentes, ela entrou no turno da manhã, eu por não conseguir acordar cedo, entrei no turno da tarde.
Meu pai sempre tem um hábito que nunca soube se é bom ou ruim, de deixar tudo para última hora e foi assim com nosso primeiro dia escolar, meu e de minha irmã. Deixou para comprar tudo no primeiro dia de aula; uniformes, sapatos, material escolar, pasta (antigamente não existiam mochilas, eram pastas de couro, parecidas com as usadas pelos representantes de remédios em consultórios médicos, com uma proteção de plástico transparente e elástico do tipo das toucas de banho, no fundo da pasta para sua conservação, pois elas descansavam no chão durante as aulas), merendeira rosa com garrafinha, tudo lindo e de primeira, para as duas, tudo igualzinho como sempre era, para não haver diferenças entre filhos. Tudo certo exceto por um detalhe; quando ele chegou com todas as compras, minha irmã já estava na escola, ela entrava de manhã, não deu tempo para ir prontinha em seu primeiro dia, só eu fui linda, prontinha e feliz para a escola no primeiro dia.
Minha felicidade acabou assim que cheguei à escola e encontrei minha irmã saindo, sem uniforme, sem pasta, sem merendeira, sem material, sem sapato novo. A reação dela foi oposta a minha, quando viu tudo o que eu tinha, ficou radiante, por saber que tudo o que era dela já havia sido comprado e já estava em casa esperando por ela.
Mesmo assim, vendo sua felicidade, sabendo que ela também tinha tudo o que eu tinha, senti uma tristeza tão profunda por vê-la ali na minha frente, momentaneamente em condições aparentemente inferiores, que nunca mais esqueci esta cena, o que senti e até a culpa secreta que carreguei durante muitos anos, por me ver um dia em condição mais favorável que minha irmã.
Mas essa cena só retrata uma característica minha até hoje, não consigo suportar encarar passivamente alguém que mesmo momentaneamente, encontra-se em condições menos favoráveis do que eu. Me dói demais assistir as diferenças em desvantagens.
Daí vem esse meu interesse no trabalho com os desvalidos, não consigo tolerar por qualquer que venha a ser o motivo, um ser humano, meu semelhante, em desigualdade ou inferioridade, seja ela de que tipo for.
A minha criança interior, tão latente até hoje dentro de mim, não foi criada com diferenças, mas com igualdades, as diferenças chocam e machucam, pois assim como o meu pai na terra, que não nos criou com diferenças, mas fazendo a igualdade entre os filhos. Meu Pai Do Céu, Meu Deus, jamais sentirá prazer com as diferenças entre seus filhos, e para ESSE PAI, minha criança não crescerá nunca.

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