terça-feira, 2 de junho de 2015

CRACOLÂNDIA

Cracolândia: Uma terra sem pai!
No jogo político de empurra, a discussão sobre soluções para a explosão do consumo do crack no país e o combate ao uso da droga mais devastadora das últimas décadas descamba para o discurso simplista: a busca por culpados. Não existe um culpado pela Cracolândia. Não dá para dizer que é culpa de uma única gestão, porque todas foram negligentes e não souberam enfrentar o problema. Enquanto políticos empurram a paternidade do problema uns para os outros e não apresentam soluções efetivas para conter a explosão da droga, especialistas afirmam que não há como apontar um único responsável. A ausência de dados e registros oficiais dificulta ainda mais a compreensão exata do problema.
Expansão - Divergências políticas à parte, o que interessa é que nem mesmo o governo federal conseguiu mapear de forma real a expansão do crack, a droga mais devastadora das últimas décadas e apresentar soluções efetivas para erradicar a droga, que se alastrou pelas capitais de forma avassaladora e chegou aos rincões do país. O Plano de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas, lançado com pompa pela presidente Dilma Rousseff em dezembro de 2011, ainda não foi colocado em prática. Uma pesquisa que promete expor a dimensão do crack no país, encomendada pelo Ministério da Justiça à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), ainda está em fase de conclusão.
O principal levantamento sobre o consumo de crack, feito no ano passado pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) em 4.430 das 5.565 cidades brasileiras, revelou que há consumo da droga em 91% delas. A pesquisa, porém, não traz uma evolução histórica da presença do crack e carece de informações de capitais importantes, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
Os dados mais antigos sobre o crack no Brasil remetem ao início da década de 2000 e não trazem números específicos. Uma pesquisa encomendada pelo governo federal ao Centro Brasileiro de Informações Sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em 2005, mostra um consumo discreto e estável na população brasileira entre 2001 e 2005. De acordo com o Relatório Brasileiro sobre Drogas, feito pelo Ministério da Justiça em 2009, há evidências de que a partir de 2005 o consumo do crack cresceu vertiginosamente, porém não há números que comprovem essa constatação.
A concentração dos "crackeiros" ou “cracudos” é um processo natural, uma vez que o alto grau de dependência da droga exige um local onde o poder público não está presente. "As zonas abandonadas foram escolhidas por viciados em todas as cidades do mundo onde há crack".
Por ser barato e ter devastador poder de vício, o crack atingiu inicialmente as populações mais vulneráveis: crianças e moradores de rua. No entanto, o consumo logo se alastrou para outras classes sociais. Usuários costumavam ficar confinados por horas em construções abandonadas da região para consumir a droga perto dos traficantes. O uso à luz do dia também se tornou recorrente.
As cracolândias ganharam status de "nações independentes", ou seja, se "consolidou", em meados dos anos 90. Em meados dos anos 2000 começou o "uso descarado" do crack nas grandes cidades. A definição “descarado”, nada mais quer dizer que o uso público da droga passou a ser tolerado.
As investidas para desmontar a Cracolândia, em diferentes governos, foram em vão até agora. As operações policiais para prender usuários tem seus resultados nada auspiciosos: as Cracolândias apenas se deslocam de algumas quadras para outras, na mesma região.
Nas gestões governamentais não houve registros de ações sociais e de saúde significativos. As cracolândias em seus inícios não apresentavam a densidade de hoje e também não era uma das grandes preocupações das gestões.
O objetivo ilusório dos gestores é de recuperar o local sem retirar quem mora ali, como os usuários.
Eles querem melhorar o território sem tratar os dependentes e prender os traficantes.
A única maneira de combater o crack é com polícia para os traficantes e saúde para o usuário.
Vinte anos depois de a Cracolândia sofrer um processo de "consolidação", o poder público ainda tenta erradicar a droga dos grandes centros sem sucesso. Há falta de continuidade na implantação de políticas públicas de prevenção e tratamento para usuários de crack. Mas a discussão vai muito além, pois há um agravante: além de ser uma questão de saúde pública, o combate ao crack é, também, e acima de tudo, uma questão de segurança pública. Não haverá sucesso sem sufocar o tráfico de drogas. A polícia em suas ações "desastradas” e sem planejamento, não conseguiu ao menos desmontar o cenário dos traficantes. O primeiro de muitos passos que a sociedade espera serem dados em busca de triunfo na batalha contra esse flagelo.
O que quase ninguém sabe é que os usuários andam em grupo por um único motivo, que é defender o fornecimento de crack. A polícia tem uma grande dificuldade para atuar nas cracolândias, pois os dependentes desenvolveram uma estratégia se aglomerando, porque os traficantes ficam ali no meio. Quando há uma ação, eles correm para todos os lados, pois a única preocupação de um dependente é não perder a pedra. Tomar uma cacetada é o de menos, eles não se importam. No meio de 300 zumbis (usuários de crack), existem pelo menos 15 traficantes que estão conectados com o tráfico internacional do Paraguai, da Venezuela ou da Bolívia.
Tráfico de drogas 
Outra parte da realidade pouco divulgada das Cracolândias é o submundo do tráfico. Além do mercado “oficial” de drogas, existe um mercado paralelo que envolve praticamente 1/3 dos usuários.  De 300 zumbis que vivem ali, por exemplo, pelo menos 100 são mini-traficantes. Porque o que um viciado mais faz, é pegar R$ 10, comprar uma pedra boa e quebrar em 3 pedacinhos. Assim, ele vende um desses pedaços, recupera o dinheiro e refaz o processo.
Ao não oferecer um tratamento contra o vício, o poder público não vai tirar os dependentes das cracolândias.  Sobre a internação compulsória, eles os viciados, são internados inúmeras vezes compulsoriamente. Para deixar completamente o vício, são necessários no mínimo 2 anos, sem nenhum tipo de contato com a droga, dinheiro ou com o ambiente, o que  não acontece com atuais programas implementados.
As secretarias de Saúde, Trabalho, Assistência Social e Segurança Urbana precisam unir forças para ajudar a desmontar as cracolândias. O que estamos vendo nas cracolândias que se espalham pelo Brasil é a agenda de liberação das drogas através do jogo sujo de fazer política. Uma sociedade mergulhada nas drogas, burra e não pensante é uma ótima arma quando se quer eternizar no poder.



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