terça-feira, 2 de junho de 2015

MORADORES OU CATADORES DE “LIXÃO”

Moradores de “lixão” também são desvalidos
Os “lixões” das cidades é uma das áreas mais carentes dos municípios e que ainda abriga famílias que trabalham e sobrevivem em dificuldade nestes locais.
Desenvolver projetos que contribuam com a melhoria da qualidade de vida e que despertem conscientização de valores como os de responsabilidade social são um dos objetivos da formação da conscientização de cidadania.
Um dos principais fatores de impacto ambiental é a eliminação de resíduos sólidos. No Brasil são geradas em média de 240 mil toneladas diárias de lixo segundo dados do IBGE. As gestões municipais costumam destinar uma área em bairros de baixa renda e isolados para despejar os resíduos sólidos (lixo domiciliar) produzidos. Trazendo acúmulo de riscos de contaminações e proliferações de doenças infectocontagiosas para a população local assim como, as interferências ambientais e sociais aos moradores do entorno desses terrenos. Os lixões correspondem a áreas aproximadas (por baixo) de 10.000 m2. A população alvo destes moradores desses lixões é formada basicamente por adultos jovens, com idade média de 28,6 anos. Os homens são maioria, perfazendo aproximadamente 55%, enquanto as mulheres 45%. O nível de escolaridade dos moradores é considerado baixíssimo, visto que 37,86% não apresentam ensino básico completo (1ª a 4ª série), 47,85% não apresentam ensino fundamental completo, e somente 14,29% cursam o ensino médio. A renda mensal gerada exclusivamente do lixão nos traz aproximadamente os seguintes resultados: uma variação de R$ 100,00 a 400,00, com média de R$ 256,15, por cada catador de lixo.
Sobreviver. Este é o principal motivo que leva centenas de pessoas a trabalhar diariamente nos lixões. Dessas, muitas vivem em pequenos barracos de lona construídos nos arredores das montanhas de lixo.
Devido ao alto grau de matéria orgânica e metais pesados", a contaminação trazendo prejuízos salutares graves é inevitável. A contaminação atinge, principalmente, as crianças e causam doenças de pele, verminoses e diarreia, podendo levar à morte.
Estes lixões constantemente colocam os moradores em risco. A forte presença de gás metano e chorume presentes no subsolo podem causar contaminação e até mesmo explosões, como já ocorreram em vários estados brasileiros.
Os lixões são responsáveis pela proliferação de espécies exóticas de plantas e de animais, como urubus, ratos, baratas e cães, dentro do meio urbano. Os bichos urbanos caçam as espécies endêmicas e espalham doenças, causando desequilíbrio à fauna e a flora.
É praticamente impossível fazer uma ida ao entorno de um lixão sem encontrar cachorros e urubus. Mas o grande vilão é o chorume gerado pelos lixões. O líquido, considerado 100 vezes mais poluente que o esgoto, escorre por debaixo da terra até chegar ao solo, uma vez lá, pode contaminar a terra, a vegetação e a água.
O esperado para o lençol freático é que não haja presença de nitrito, nitrato e amônia. A interferência do aterro e a ocupação irregular contribuem para a alteração da qualidade da água.
 Até mesmo as árvores próximas aos aterros apresentam metais pesados nas folhagens. Essas plantas geram flores e frutos que podem, futuramente, trazer problemas a população urbana. 
Em relação à população que vive entorno do lixão, faça sol ou chuva, durante o dia ou à noite, eles ganham a vida sem nenhuma segurança ou higiene, são obrigados a conviver com o cheiro forte e as constantes ameaças de contaminação.
Além das ameaças de contaminação por doenças, esses trabalhadores também estão diariamente expostos a graves acidentes. Apresentam como características o baixo grau de instrução, despreparo e a falta de qualificação para o exigente mercado de trabalho. Além disso, é observada a degradação ambiental pela ação dos aterros sanitários, perigo de contaminação do lençol freático e risco social pelo descaso das instituições públicas.
“Se formos pensar no dia a dia, o que cada pessoas gera de lixo, o confronto com a realidade nos faz refletir”. O lixo tem que ser separado, para ser corretamente destinado. Ele é um problema de toda a sociedade.  O caminho a percorrer para que nos eduquemos em coleta seletiva é longo e necessita do envolvimento de cada um na sociedade.
O BRASIL NÃO ESTÁ PREPARADO PARA POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS, MOSTRA LEVANTAMENTO.
Um levantamento realizado em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal revelou que até o fim de 2013 apenas o governo de Santa Catarina havia conseguido erradicar os lixões. Os dados são ainda mais alarmantes. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, cerca de 50% dos resíduos sólidos urbanos produzidos no Brasil ainda são jogados em lixões. O mapeamento permitiu identificar junto às secretarias de meio ambiente e demais órgãos responsáveis pela produção de resíduos sólidos as ações realizadas pelos municípios para cumprir a meta estipulada pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), prevista na Lei Nº 12.305, que determina a desativação desses espaços até 2 de agosto de 2014.
UMA LONGA DISCUSSÃO
"É ilusão acreditar que em 2014 isso vai ser resolvido". A afirmação é do professor Pedro Murrieta, do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade de Brasília (UnB), sobre o prazo estabelecido para desativação dos lixões em todo o país. Murrieta integra o grupo que elaborou a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Ele confessa que a equipe tinha consciência de que o limite de quatro anos para acabar com os lixões era inviável.
Murrieta esclarece, contudo, que a decisão foi tomada para estimular os estados e municípios a criarem ações concretas para erradicar os lixões. Além disso, com a PNRS, o governo federal passou a ter mais controle sobre o processo de desativação. "A lei permite ao governo cobrar mais diretamente os municípios que não a cumprirem. Assim o Estado terá condições de erradicar os lixões em um tempo menor", explica.
Antes de ser aprovada, em agosto de 2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos ficou 20 anos em tramitação no Congresso Nacional. Ao ser criada, ela trouxe obrigações para os governos federal, estadual, municipal e distrital. Em 2011 e 2012, o Ministério do Meio Ambiente chegou a repassar uma verba de R$ 56 milhões ao Distrito Federal e a 19 estados que solicitaram ajuda do órgão para auxiliar na elaboração dos planos de resíduos sólidos. Entretanto, segundo a PNRS, é de obrigação exclusiva dos municípios e do DF a erradicação dos lixões brasileiros.


Questionados se é possível implementar modelos de tratamento do lixo de países desenvolvidos no Brasil, os especialistas são enfáticos ao dizer que seria necessária uma grande mudança cultural. "É possível implantar esses modelos, mas é preciso haver mudanças, principalmente, na educação. Noções de separação do lixo e de que ele pode dar lucro são exemplos de transformações a serem feitas pela educação. Elas devem estar presentes na mentalidade do brasileiro. Falta uma política com visão de longo prazo", opina o professor da Escola Politécnica da USP. Já a presidente do Gea não acredita ser possível trazer esses modelos para o Brasil por motivos como diferença cultural e falta de investimento econômico no setor, entretanto afirmou que o Brasil está no caminho certo. "Os próprios catadores se reuniram e formaram cooperativas, é o correto. No exterior, as cooperativas são criadas por empresas onde o presidente não é um catador. Esse modelo nosso começou há pouco tempo está só no início, mas nos estados do Sul e em São Paulo isso é bem desenvolvido. Inclusive exportamos esse modelo das cooperativas para outros países da América Latina e da África", afirma Ana Maria.

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